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LÁZARO FALEIRO
( BRASIL – GOIÁS )
Nasceu em Silvânia – GO, em 03/10/1945.
É professor aposentado. Possui graduação em Letras Vernáculas pela Universidade Federal de Goiás(1970), graduação em Pedagogia pela Universidade Federal de Goiás(1977), especialização em Prática Docente Fundamentos e Técnicas pela Faculdade de Filosofia Ciências E Letras de Jales(1993) e especialização em Especialização em ensino-aprendizagem de espanhol pelo Centro Universitário de Anápolis(2004). Atualmente é professor titular da Universidade Estadual de Goiás. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Línguas Estrangeiras Modernas.
Tem três livros de contos publicados: Quebra-Cangalha (1974), João da Praça (1992) e O Santo sem pé (2002).
Reside atualmente na cidade de Iporá -GO.
ANTOLOGIA DEL SECCHI, 2005 Volume XV, Rio de Janeiro: 328 p. 14 x 21 cm ISBN 85-8649-14-3 No. 10 231
Exemplar da biblioteca de Antonio Miranda, doação do amigo (livreiro) Brito, Brasília, novembro de 2024.
O VELHO QUE VIROU PEIXE
Profunda paz. A casa ao pé da serra, o riacho logo abaixo.
Cintilações e cristais nas horas matinais. Profusão de cores,
perfume, odores; encanto e recanto dos amores das gentes,
dos animais.
Desdita destoa daquele paraíso. A doença, a falta de juízo
do velho varando vales, cercanias, como doía!... Dolentes,
doloridos ais, batendo brenhas, beiradas, ecoando, voando,
volatizando, na lonjura da sepultura dos gerais.
Lembranças lentas, lanhentas, lacerantes. A amargura das
lamúrias, no vaivém de infindáveis manhãs, noites viscosas,
vagarosas vãs; vacuidades de eras; sutil crença na quimera de
ver o velho vencer a doença... O desconsolo daquele quadro.
O coração não cabendo no peito... Um sofrimento sem jeito!
E aqueles ais se amiúdam mais e mais; ecoam, se amontoam
pelos gerais, no vacilo de vagas alucinações, num esquisito rito,
demente, no reviver de reveses e loas, coisas ruins e coisas boas,
na proa do passado do paciente, a gritar em tom plangente, triste,
nomes de animais, bichos, gentes, parceiros, parentes que já
existem.
Sinistra energia, Sinergia. Laço, lio, a puxar-me para o rio...
Lá embaixo, no riacho, reluzente no tremeluzir e no purificar-se
das águas, liberto de peias e mágoas, fazendo festas,
acrobacias; destilando alegria, tanta paz, tanta ternura, poesia;
um peixe, naquele vai-vem, no findar-se do fio que que se esvai,
tinha a fisionomia do meu velho pai.
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Página publicada em dezembro de 2024
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